sábado, 27 de outubro de 2007

O Olhar do Invejoso

A inveja é como uma mercadoria estragada que jamais deveria ser comprada, mas não conheço ser algum que dela não tenha nada. Nada está na fronteira do tudo. Tudo que desejo quase sempre vem do nada. Nada que almejo vem do nada. A inveja na verdade é a falsificação do ser. Ser ou não ter? Eis a questão! O olhar do invejoso busca ter o ser. Ter outro ser. Ser outro ser. Outro ser em seu próprio ser. No Olhar do invejoso está a cegueira, a morte e a loucura. Está também a fuga e a procura. Procura do ser no avesso, do avesso do olhar, da imagem do avesso. A fuga? Fuga do nada. Fuga do tudo. Fuga de si. Fuga de tudo que vê. E de tudo que não vê. Ou será a procura do ser morto no olhar? No olhar que é visto, no olhar que se vê. No olhar do invejoso está a loucura, traduzida pela fissura de ter o que o outro é. Aliás, o invejoso não é, quer apenas ser através de outro ser. Mas como ser outro enquanto o outro ainda é? Como pode a inexistência dar lugar a existência? Mesmo por insistência tal jamais sucederá. No entanto, o invejoso de tudo fará para deixar de ser nada. Fará tudo pra aniquilar, suprimir, degenerar. Degenerar o outro que no olhar invejoso usurpou o seu lugar. O invejoso não quer apenas ter ou ser o que o outro tem ou é. O invejoso quer não ser o que ele mesmo é.



Um comentário:

Anônimo disse...

yea good Operate