O olhar do cego. O olhar do cego? Sim, o olhar deste que não vê. Que não vê o mundo que vemos, mas que vê o mundo que não queremos ver. Mas, como? Como se pode ver sem enxergar? Como alguém que vive na escuridão, pode ver além de alguém que a tudo pode ver? Tudo? Tudo pode ser quase nada na imensidão do universo do ser. Ser, mas ser no avesso. Aquele do avesso do olhar, da imagem do avesso. Aquele ser que até um cego pode ver, mas, que nos fazemos cegos para não ver. Ver ou não ver? Eis a questão! Quando se trata do próprio ser, melhor cego ser, do que ver o ser que é sem querer ser. Mas como pode o cego ver o ser que é negado? Negado! Eis a resposta. O que não quero ver, até um cego pode ver. Na verdade, o cego me olha e eu é que me vejo. Vejo-me através do olhar do outro. Mesmo que o outro nada enxergue do que muitos podem ver. Outro olhar revela o outro que nem todos podem ver. Somos como cegos quando não olhamos para nós mesmos com a devida honestidade. Colocamos vendas em nossos próprios olhos e andamos tateando na escuridão da nossa covardia, esbarrando e tropeçando em nosso autodesconhecimento. Apagadas as lâmpadas da autoconsciência, acendemos os refletores da hipocrisia, andamos na penumbra da superficialidade até nos encontrarmos em densa escuridão. Assim como cegos vivemos, olhando para nós mesmos sem nos enxergarmos.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
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3 comentários:
gusto de entrar en tu blog
recuerdos desde Reus Catalunya
obrigados !!!
gostei do seu blog cara!
parabéns..
Claudio: Teu (s) olhar (es) me lembra (m) da idéia de devir, de vir-a-ser, pura potencia virtual. Olhar como cego - devir cego - olhar como louco, devir louco. Só assim se empoemam palavras com tua mestria!
Um beijo,
Karla
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